quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Ordem unida às avessas

A não formalização de uma legislação que regule o uso de veículos públicos oficiais em eventos, como ocorrido no 7 de setembro, em diversos Municípios, deixa uma lacuna; um precedente estranho e perigoso, o qual dribla a inteligência da população. No Artigo 37 da Constituição Brasileira, consta que a "Administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência." No entanto, perfilar a frota pública, pelas ruas das pequenas e sempre "falidas" cidades: lavados, enceirados e de tanque cheio, às custas dos impostos do cidadão, em eventos de puro caráter Cívico, os quais deveriam estar desvinculados da promoção pessoal, político e partidária, como preconizado pela C.F/88, soa, mais uma vez, oportunismo e malandragem ao estilo tupiniquim. A "maquiagem" pública municipal, no aparato governamental, famoso "tapa" no visual, como queiram, em datas festivas, confundem-nos do real sentido de espírito Cívico Brasileiro. Este ano, o tema da Semana da Pátria foi: "Padre Landell de Moura - 150 anos a espera do reconhecimento. Estadual: Legião da Boa Vontade - 61 anos de educação ecumênica e fraternidade." Vimos nas avenidas do Rio Grande do Sul e do Brasil, crianças encenando o tema, brilhantemente, assim como entidades, clubes de serviço, ong´s, pessoas autônomas, que movem um outro Brasil, sem verbas de gabinete ou via emenda parlamentar, em ações desenvolvidas em sala de aula, com certeza por seus mestres e professores. O Orgulho Brasileiro ainda existe! Está lá, machucado de uma certa maneira por escândalos de corrupção, vantagens ilícitas, mau uso do dinheiro público, acordos políticos partidários de gabinete e uma infinita série de acontecimentos, que vemos, ouvimos, lemos, tuitamos, enviamos feed´s via facebook, enfim. Mas, desnecessário é, o oportunismo que governos municipais fazem de datas cívicas como o 7 de setembro, em pôr na rua, seu aparato político e governamental, como se quisesse dizer para a sociedade: "Vejam tudo o que fizemos com o dinheiro de vocês!", portanto: "Não esqueçam, viu?". Os protagonistas desta história são outros. São incontáveis as vezes que muitas pessoas deixaram de ser contempladas com um serviço público municipal de qualidade e eficiente, como previsto no Artigo 37 da C.F, já mencionado. Agora, apresentar a logística, às custas de sensibilizar a nação local, criando um marketing às avessas, ou goela abaixo: desculpe, mais descumpre o princípio do bom senso, da moralidade e da impessoalidade. Os serviços públicos e, aqui, fico somente nos locais, na região, se fossem bem vistos, bem aceitos pela população, por sí só, já se justificariam e estariam estampados nos rostos de quem um dia perdeu um ente próximo por falta de uma ambulância, de um medicamento, de um médico, de um exame, pela falta de uma lâmpada em sua rua, de uma avenida mal sinalizada, etc...das negligências contadas e documentadas nos telejornais. Todavia, carecendo de uma série de ações mais efetivas, como de saúde pública, limpeza urbana, urbanização, ações sociais, de emprego e de lazer, roubar a cena das crianças e do trabalho árduo de professores e de entidades, que tem nesta vitrine do civismo a chance de mostrar aos pais, bem como, a sociedade, tudo que é possível e impossível de ser feito em sala de aula, diante de salários indignos, desqualifica a iniciativa dos governantes que, há cada quatro anos, experimentam o gostinho do Poder, se apaixonam, mesmo que a estrutura esteja falida, para concretizarem desejos pessoais, driblando a sociedade e impressionando a concorrência, mesmo que por pouco tempo.