Estado corta mais de 30% dos repasses para assistência
social dos municípios
Fonte: Famurs
Famurs solicitou audiência com o governo do Estado para
buscar uma solução à defasagem dos recursos do Fundo Estadual de Assistência
Social
O corte de repasses estaduais para programas socioassistenciais
é um problema histórico e tem prejudicado a oferta de serviços públicos nos
municípios gaúchos.
Desde 2009, o governo do Estado deixou de transferir cerca
de R$ 21 milhões para as prefeituras do Rio Grande do Sul.
O montante
representa 31% da verba prevista para o Fundo Estadual de Assistência Social
(Feas) entre 2009 e 2015.
Os dados foram apurados pela Famurs, com base em
informações da transparência do Estado.
O levantamento foi realizado em julho
de 2016.
Conforme o estudo da Famurs, dos R$ 68,7 milhões orçados
pelo Piratini para o Feas nos últimos sete anos, R$ 47 milhões chegaram às
prefeituras. O ano com a maior defasagem foi 2015.
Somente R$ 2,1 milhões dos
R$ 8,5 orçados foram transferidos aos municípios, resultando em déficit de R$
6,4 milhões. Em 2014, o orçamento previa repasse de R$ 7,9 milhões às
prefeituras, mas apenas R$ 2,9 milhões foram pagos: defasagem de R$ 4 milhões.
(Confira tabela completa no final da matéria).
De acordo com a assessora técnica da área de assistência
social da Famurs, Elisete Ribeiro, os atrasos ameaçam a execução de programas
socioassistenciais como serviços de proteção básica e especial a pessoas e
famílias em situação de vulnerabilidade social.
“Os recursos são mínimos e
repassados apenas uma vez ao ano. Com essa verba, as prefeituras poderiam, por
exemplo, comprar materiais permanentes como eletrodomésticos e lanches para as
pessoas atendidas nos centros de referência”, explicou.
Para buscar alternativas e solucionar o problema, a Famurs e
o Colegiado Estadual dos Gestores Municipais de Assistência Social (Coegemas)
realiza uma audiência, nesta terça-feira (25/10), com o secretário do Trabalho
e do Desenvolvimento Social, Catarina Paladini.
A Federação cobra que o governo
do Estado quite a parcela de R$ 4 milhões do Feas, que está em atraso desde
2014, e garanta a liberação de outros R$ 4 milhões previstos no orçamento de
2016.
Desburocratização do repasse aos municípios
O caminho para os municípios receberem as verbas do Fundo
Estadual de Assistência Social é tortuoso. Para obter esses recursos, as
prefeituras gaúchas precisam encaminhar ao Piratini uma série de documentos
como termo de adesão, ofício assinado pelo prefeito e ata do conselho municipal
do setor.
A transferência é feita em apenas uma parcela anual. Para reverter
esse cenário, a Famurs propõe a implementação de um repasse de recursos
estaduais no formato fundo-a-fundo. O objetivo é agilizar a transferência de
dinheiro para as prefeituras. “O processo com o Estado é mais lento. Esse
sistema está muito defasado”, reclama a assessora técnica da Famurs, ao
comparar com o modelo federal.
Segundo Elisete Ribeiro, a ideia é adotar a
mesma ferramenta do Ministério do Desenvolvimento Social, que funciona por meio
de repasse mensal automático, a partir do preenchimento de um cadastro
eletrônico.
O histórico dos
atrasos do Feas:
Gestão 2016 – Orçamento: R$ 4.000.000,00 / Pago: zero.
Gestão 2015 – Orçamento: R$ 8.492.500,00 / Pago: R$
2.133.459,87
Gestão 2014 - Orçamento: R$ 7.960.966,00 / Pago: R$
2.876.841,93
Gestão 2013 - Orçamento: R$ 8.799.247,00 / Pago: R$
6.002.265,04
Gestão 2012 - Orçamento: R$ 9.449.594,00 / Pago: R$
7.698.652,00
Gestão 2011 - Orçamento: R$ 12.544.000,00 / Pago: R$
7.991.472,59
Gestão 2010 - Orçamento: R$ 12.245.000,00 / Pago:
11.039.684,99
Gestão 2009 - Orçamento: R$ 9.250.000,00 / Pago:
8.511.280,08
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